Uma das grandes vedetas da revista à portuguesa dos anos trinta e quarenta, Irene Isidro não era exclusivamente uma cantora; contudo, quase por ironia, coube-lhe criar algumas das mais perenes peças da música popular portuguesa dessa altura.
Nascida em 1907, Irene Isidro estudou no Conservatório e iniciou carreira como actriz em companhias de teatro declamado. A sua beleza e elegância tornavam-na obrigatória nas revistas que pontualmente as companhias de declamado realizavam, até que a revista a veio finalmente convidar.
A sua explosão pública dá-se em 1933 na revista Pernas ao Léu produzida pela companhia de Luísa Satanela e Estevão Amarante; Satanela, demasiado ocupada com os seus múltiplos afazeres como encenadora, produtora e actriz, abdicou de um dos seus números que passou a Irene Isidro.
Esse número era a célebre Marlene, uma homenagem semi-declamada, semi-cantada à actriz alemã Marlene Dietrich e à sua atitude (para a altura) escandalosa, que transformou Irene Isidro numa estrela da noite para o dia (e que Lia Gama recriaria mais tarde em Passa por Mim no Rossio).
A actriz brilhou muito nos números dramáticos, muitas vezes de tom patriótico, que pontuavam as revistas.
Mas foi ela que criou alguns dos mais perenes êxitos musicais daquele género teatral: devem-se-lhe as criações de Sebastião Come Tudo (em 1943, na revista Toma Lá Dá Cá), Como Nasce uma Canção (em 1944, Há Festa no Coliseu) e Tudo Isto é Fado (Feira da Avenida, em 1949). Retirou-se do género em 1958.