O salteador José do Telhado nasceu em Castelões de Recesinhos no Concelho de Penafiel em 1816. Seus pais, Joaquim de Matos e Maria Lentina, eram proprietários da única casa com telhado de telhas, visto que todas as outras casas eram cobertas de colmo.
Já seu Pai tinha por alcunha Joaquim do telhado “… seu pai era o famigerado Joaquim do Telhado, capitão de ladrões, valente com as armas, e rei devastador em Franceses que ele matava, porque eram Franceses e porque eram ladrões…”.
O nosso herói partiu para o lugar da Sobreira com apenas catorze anos para aprender uma profissão e conquistar o amor da prima. Aí aprendeu o ofício de seu tio de nome Lentine (por ser Francês), o de Castrador. Aos dezanove anos pediu sua prima em casamento o tio recusou por José ser pobre e é então que parte para Lisboa em busca da sua sorte. Algum tempo depois volta a Sobreiro e casa com sua prima.
O seu primeiro assalto motivado pelo desespero de não ter o que dar de comer á sua família, foi a um lavrador que lhe entregou tudo o que tinha em troco da sua vida, mais tarde José iria arrepender-se de roubar alguém tão pobre como ele.
É então que em 1849 se forma a primeira quadrilha na qual José do Telhado substitui o já conhecido Salteador Custódio Boca Negra, deste Bando fazem parte o Avarento, o Veterano, o Tira-Vidas, o Girafa, o Sancho Pacato, o José Pequeno, o Mói-tudo, o José Simões e ainda o Joaquim do Telhado irmão do chefe.
Já em 1842 este Bando tinha tentado assaltar a Casa de Cadeade tentativa essa que saiu gorada.
Em Janeiro de 1852 o seu Bando assalta o Solar do Carrapatelo aí conseguiram que a proprietária lhes entregasse um saque de “… duzentos mil Reis e todo o ouro e prata que lhe pertenciam e á sua filha…). Procurando o famoso tesouro do falecido proprietário arrombaram a porta dos aposentos e numa escrivaninha encontraram dinheiro que encheu quatro sacos.
De bolsos e sacos cheios os nossos Salteadores subiram a serra e repartiram o saque junto á Cruz de Montedeiras, local hoje conhecido como Cruzeiro das Partilhas.
Denunciado a Adriano José da Carvalho e Melo, administrador de Marco de Canaveses, por José Pequeno e seu irmão Joaquim do Telhado José vê-se obrigado a planear a sua fuga para o Brasil, não sem antes se vingar de José Pequeno o qual sucumbiria após uma prolongada luta que terminaria com José do Telhado a cortar a língua do delator.
José do Telhado foi preso no dia 31 de Março de 1859 quando estava a bordo da Barca “Oliveira” pronta para partir para o Rio de Janeiro. Deu entrada na Cadeia da Relação no Porto onde conheceu Camilo Castelo Branco. Com uma excelente prestação de seu advogado José escapa á pena capital sendo desterrado para África onde fugiu da prisão em Angola.
José Teixeira da Silva recomeça então uma nova vida como agricultor respeitado e com família, amado por seus amigos e conhecidos.
José do Telhado morreu de varíola em 1875, conta na sua sepultura construída por seus amigos em tijolo burro e um telhado a sua fotografia e a seguinte inscrição : “ Aqui jaz José do Telhado”.